O que os contos de fada têm a ver com a saúde do seu bolso

Livro conta a história de heroínas e como elas podem ajudar sua vida financeira

Os contos de fadas fazem parte do gênero literário mais poderoso do mundo. Falam a um público crédulo, que ainda busca noções de certo e errado, e plantam ideias que persistem até a vida adulta.

Afinal, sonhar com o príncipe encantado ou buscar o “foram felizes para sempre” é uma sugestão bastante atraente. E os príncipes e princesas são mestres na arte de persuadir, algumas vezes para o bem e outras, nem tanto.

As histórias, repletas de metáforas, são pratos cheios para interpretação. E foi nelas que o consultor financeiro Reinaldo Domingos buscou inspiração para o livro “Eu mereço ter dinheiro – Como ser feliz para sempre na vida financeira”.

Na obra, ele convoca 10 personagens femininas dos contos de fadas infantis a participarem de seus ensinamentos. Algumas das heroínas têm histórias para serem seguidas; outras, para evitar ao máximo.

“Os contos de fadas estão impregnados de uma verdade universal que dita que o dinheiro não é sinônimo de felicidade, mas a falta dele pode tornar a vida muito mais difícil”, explica o consultor.

Era uma vez…

Bela Adormecida
Despertar
Você já pensou em como a Bela Adormecida é submissa? Ela simplesmente fica ali, dormindo, dormindo e esperando que outra pessoa faça o trabalho de salvar sua vida e fazê-la feliz para sempre. Segundo Reinaldo Domingos, essa princesa pode ensinar a lição de que é necessário abrir os olhos para as finanças. É preciso despertar, avaliar os erros do passado e seguir em frente. “Não podemos deixar de pensar que viveremos até os 100 anos. Portanto, é preciso acordar logo para as finanças e fazer esse diagnóstico financeiro”.

Cachinhos Dourados
Merecer
Mocinha inconsequente, entra na casa dos ursos e toma o mingau do prato pequeno (o maior estava quente), quebra a cadeira menor e desfaz a cama do bebê urso. Na versão “punk”, ela é devorada pela família urso. Na história mais leve, é perdoada. Seja qual for o final do conto, ele deixa uma lição. É preciso pensar não apenas no presente, mas no médio e longo prazo. É bem metafórico, conforme Domingos. “A inconsequência e se deixar levar pelos impulsos quase sempre terminam em erro. Somos movidos pela busca dos desejos rápidos e menores, como a Cachinhos, que preferiu o mingau, a cadeira e a cama menores. Precisamos também listar os desejos em médio e longo prazo”.

A vendedora de fósforos
Diferenciar
Essa história é bem triste e não é tão popular quanto as outras. Começa com a vendedora de fósforos tentando vender seus produtos em um dia de nevasca. Como ela não vende nada, senta-se em um canto e acende o primeiro fósforo para tentar aquecer as mãos. Delirante e com febre, ela vê uma mesa farta com a luz da chama. Acende o segundo e vê uma árvore de Natal linda e acolhedora. Acende outro. Vê a avó que tinha falecido, a família, o local acolhedor. Nesse ponto, ela acende todos os palitos. Os fósforos acabam. Ela morre de frio. “Tanto dissabor nos leva a entender que temos que diferenciar o que é sonho, objetivo de vida, do que é delírio, no caso de consumo, que é algo que nos abate. O delírio acaba, como a chama do fósforo”, diz Domingos.

A pequena sereia
Cortar
A pequena sereia abdicou da cauda em prol do seu grande amor. A analogia com o seu bolso é que temos que abrir mão do supérfluo. “Mas não adianta cortar algo que lhe dê prazer. Se uma mulher vê no salão de beleza algo que eleve sua autoestima, não é indicado que ele corte esse gasto. Dispense os supérfluos que não agregam nada”.

Rapunzel
Modificar
A cabeluda Rapunzel realmente ia à luta. Ela foi isolada do mundo e da vida e, por sua conta (e dos seus cabelos), modificou seu destino. Ela é um bom exemplo para seguir quando o assunto é mudança, como explica Domingos. “Na vida financeira é preciso mudar hábitos, se fortalecer para efetivamente mudar. Ela tinha fé em si própria”.

Cinderela
Planejar
Essa mocinha é uma estrategista de primeira. De garota borralheira, se tornou princesa por uma noite. E, como sabia que o que era bom duraria pouco, deu um jeito de esquecer um sapato jogado para o príncipe encontrá-la. Pense bem: qual mulher no mundo deixaria para trás um sapato de cristal sem um bom motivo??? Como a moçoila, “podemos aprender que temos habilidades escondidas e devemos provocá-las”, diz Domingos.

Chapeuzinho Vermelho
Decidir
Essa menina deixou-se influenciar por um lobo e pegou o caminho errado. “O questionamento, nesse caso, é se você veio ao mundo para influenciar ou ser influenciada. Quer ser como a Chapeuzinho e deixar o lobo ditar seu caminho? Veja os produtos que você consome. Decida pelo que você realmente acredita”.

A Bela e a Fera
Enxergar
Você quer ser uma pessoa que tem dinheiro ou que aparenta ter dinheiro? Esse é o questionamento que essa animação nos passa. “É preciso buscar a essência das coisas. Qual é a minha essência? Qual o real valor das coisas?”, pergunta Domingos.

A menina dos sapatinhos vermelhos
Controlar
Essa moça é totalmente controlada pelos sapatinhos. Daí surge a comparação. Quem controla sua relação com o dinheiro, você ou ele? “Você não pode ser controlado pelo cheque especial ou suas dívidas. Ou você controla ou é controlada”.

Branca de Neve
Guardar
Bem, a Branca de Neve é um bom exemplo de como não lidar com o dinheiro. A moça viveu de favor na casa dos anões, trabalhando em troca de moradia e comida. “Temos que pensar de forma diferente”, diz Domingos. A maior parte das pessoas gostam de gastar dinheiro, mas a ideia é guardar dinheiro, poupar. E de onde vem tanta dificuldade de ficar com o dinheiro na mão? “Tente lembrar do primeiro dinheiro que você ganhou. Foi para gastar ou para guardar”.

Análise
Olhos se voltam para indicadores econômicos

Após agenda econômica praticamente vazia na semana passada, onde a Ásia foi o principal foco do mercado financeiro, nesta semana os olhos dos investidores se voltam novamente para os indicadores econômicos. Ontem, o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, e principal destaque do mercado doméstico, elevou pela quinta vez consecutiva a perspectiva de inflação para este ano, que agora já está projetada em 5,11%. Além disso, economistas também voltaram a revisar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para baixo, agora estimado em 1,81% (ante 1,85%). No mercado externo, destaque negativo para o PIB japonês, que apresentou crescimento abaixo do esperado, com alta de 1,4%, enquanto as estimativas eram de avanço de 2,3%. Durante a semana ainda teremos outros indicadores relevantes. Na zona do euro, teremos o PIB do segundo trimestre e dados da produção industrial. Nos EUA, o monitoramento de vendas no varejo e produção industrial, além de indicadores do setor de manufaturas e imóveis. No Brasil, assim como nos EUA, também serão divulgados os números das vendas no varejo e o desempenho da economia (IBC-Br).

Flávio Pereira Mattedi, sócio da Valor Investimentos

Fonte : Site Gazeta Online