Exportação sobe 10% desde 2007, mas importação triplica
A corrente de comércio entre Brasil e Colômbia aumentou 20,9% no ano passado em relação a 2010, atingindo US$ 4 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Enquanto os brasileiros concentraram suas vendas em produtos de maior valor agregado, os colombianos conseguiram maior penetração com commodities. Com isso, o Brasil registrou US$ 2,6 bilhões em vendas, gerando um superávit de US$ 1,2 bilhão.
A tendência no comércio entre os dois países é rumo ao equilíbrio, no entanto. Em 2007, o Brasil vendia US$ 2,3 bilhões aos colombianos e comprava US$ 426 milhões. Até o fim de 2011, enquanto as exportações cresceram 10,2% no período, as importações aumentaram nada menos do que 323% nesses cinco anos.
Estimando um crescimento entre 10% e 15% no comércio entre os dois países em 2012, o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Colômbia, Carlos Alberto de Andrade, acredita que a grande oportunidade está nos investimentos no país vizinho, considerado o mais atraente na região atualmente. “Existe um interesse pelo lado andino como um todo. No Chile é mais difícil entrar, o Peru é uma possibilidade e a Venezuela é muito instável. A Colômbia é quem possui as bases mais sólidas. Como hoje contam com benefícios do BNDES, as grandes construtoras estão se interessando mais”, diz para depois traçar um paralelo. “É um país igual ao Brasil, falta apenas melhorar a infraestrutura. Eles têm vocação para a exportação de commodities, como nós. Vale a pena pensar melhor na Colômbia. É uma boa aposta.”
Os produtos mais vendidos pelos colombianos comprovam a afirmação de Andrade. Petróleo, seus derivados e biocombustíveis passaram de US$ 165 milhões em 2007 para US$ 567 milhões no ano passado, com variação seguindo o aumento médio das exportações ao Brasil no período – 343%. Plásticos (US$ 347 milhões) e borracha (US$ 87 milhões) foram os mais vendidos em seguida. Esses três produtos representaram 72% de todas as vendas colombianas ao Brasil no ano passado.
No lado brasileiro, a pauta é mais diversificada e com produtos de maior valor agregado: aparelhos mecânicos (US$ 353 milhões), veículos (US$ 220 milhões) e ferro e aço (US$ 210 milhões) foram responsáveis por 30% do total de vendas. Nos últimos cinco anos, produtos químicos foram os que mais cresceram (458%), alcançando US$ 179 milhões no ano passado. Na contramão, eletrônicos caíram de segundo item mais exportado em 2007 (US$ 291 milhões) para quinto, com US$ 151 milhões.
A conjugação entre cenário externo de contração das grandes economias e estabilidade interna é a responsável pelo crescimento total no comércio entre Brasil e Colômbia, na visão do economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) Rodrigo Branco. “Com a desaceleração dos Estados Unidos e a crise na Europa, há uma tendência de atração de investimentos e aumento das vendas na América do Sul. Temos uma janela de oportunidade que vem se abrindo nos últimos anos e que deve continuar”, diz.
Outro fator de atração é que, ao lado do Peru, a Colômbia é a economia sul-americana que mais cresceu nos últimos anos. Com a estabilização da democracia, a maior segurança jurídica, e, principalmente, a diminuição da violência, conquistada ao longo dos últimos dois governos, empresas brasileiras de grande porte estão olhando mais para o país. “Há alguns anos vem se desenhando um cenário de confiança maior, o que as encoraja a ir para lá. Além disso, não há no horizonte qualquer indicação de adoção de barreiras comerciais, como a Argentina está fazendo. Quando não se dificulta, o comércio aumenta naturalmente”, afirma Branco.
Fonte : Site Sindiex