Em Vitória, Marina Silva defende debate amplo sobre sustentabilidade

Na manhã desta segunda-feira (24), durante a abertura do Seminário de Planejamento e Gestão Ambiental, no Centro de Convenções de Vitória, a ex-senadora e ex-candidata a Presidência da República, Marina Silva, defendeu que o debate amplo sobre sustentabilidade é premente e fundamental. Na mesa também estiveram presentes o governador capixaba, Renato Casagrande, e o prefeito de Vitória, João Coser.

Para Marina, o debate sobre a questão ambiental atravessará o século 21 porque é “complexo e de difícil solução”. A preocupação com a sustentabilidade que aflora da sociedade em todo mundo, segundo a ex-senadora, contudo, “é um alento, que pode ser transformador”.

Marina iniciou sua fala se reportando ao Relatório Brundtland, cujo documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), publicado em 1987, foi a matriz da discussão sobre desenvolvimento sustentável. Até então, poucos acordos comuns relacionados ao esgotamento dos recursos naturais haviam sido assinados. A Rio-92 estabeleceu, pela primeira vez, metas em relação às mudanças climáticas e desertificação.

A ambientalista vê o mundo em meio a múltiplas crises, de natureza social, política, econômica, ambiental , fundamentalmente de valores.

Sob o ponto de vista da crise social, Marina vê como “insustentável quem, em meio ao tamanho desenvolvimento tecnológico conquistado na agricultura, que 2 bilhões de pessoas ainda vivam com menos que dois dólares ao dia”.

Com apenas 0,5% do PIB, o Bolsa Família, no governo Lula, tirou mais de 20 milhões de brasileiros da linha da miséria absoluta. Pouco para a ex-senadora, já que há mais de 16 milhões de analfabetos, principalmente nas regiões Norte e Norde

“Há tecnologia para alimentar e para educar, mas não se faz”.

Sobre a crise econômica, Marina relacionou a quebra do mercado financeiro em diversos países, que ocorre desde 2008, à situação das pessoas em extrema miséria:

“Para os extremamente pobres sempre houve crise, não há injeção de recursos para socorrê-los, como aconteceu com bancos e países”.

Ao falar da crise política, Marina se reportou a diversos movimentos de indignação que surgem do seio da população em diversos países. A “Primavera Árabe” no Oriente Médio, a ocupação de Wall Street, os protestos em favor do emprego na Espanha:

“O povo hoje percebe que suas lideranças não estão comprometidas com seus problemas”.

Um lema utilizado nos protestos na Espanha, onde o desemprego chegou a 40% chamou a atenção de Marina:

”Nossos sonhos sonhos não cabemtá dentro das nossas urnas”

A crise ética, para Marina a maior de todas, também esteve em seu discurso:

“A corrupção não é um problema da Presidente Dilma, é nosso. O povo está se auto convocando e se manifestando. A borda está se movimentando, já se sabe que não há mais chão seguro”.

Ao falar da crise ambiental, Marina disse que é fundamental preservarmos o planeja para as próximas gerações, reduzindo as emissões tóxicas em até 80% até 2050, combatendo a desertificação e fazendo uso sustentável da água potável:

“Somos frutos de uma alianca integeracional entre nossos ancestrais, avós e pais. Isto motiva a sustentabilidade em favor dos que ainda não nasceram. Nós tomamos a terra emprestada de nossos filhos e netos e por isso devemos entregá-la em bom estado. Sustentabilidade não é um modo de fazer, é uma maneira de ser”, concluiu.

Fonte : Site Jornal do Brasil