Consumo de produtos importados atinge recorde no Brasil

A participação de mercadorias importadas no consumo brasileiro aumentou 1,3 ponto percentual no segundo trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2010 e chegou a um patamar recorde na série histórica iniciada em 1997. Essa participação chegou a 22,9%, indicando a dificuldade dos produtos nacionais em concorrer com importados.

Os dados fazem parte do Coeficiente de Exportação e Importação (CEI), levantamento feito pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Derex), divulgado nesta quinta-feira (11). As exportações também registraram alta no período avaliado.

“Estamos atravessando um momento grave da indústria brasileira, principalmente por fatores externos, como o caso da sobrevalorização do real”, alertou o diretor do Derex, Roberto Giannetti da Fonseca.

No segundo trimestre de 2010, o nível de participação dos importados no consumo doméstico era de 20,7%, aumento de 2,2 pontos percentuais comparado com o mesmo período deste ano. Isso sinaliza que a indústria nacional não tem conseguido atender ao aumento da demanda no mercado local, que vem sendo atendida pelos importados.

A crise financeira nos Estados Unidos e na Europa, que por um lado desaquece a atividade exportadora, tem derrubado o dólar e barateado os importados, gerando um aumento no consumo brasileiro “de forma preocupante”, mostra o CEI.

Em relação às exportações, a participação das vendas externas na receita do setor também cresceu de 17,7% no segundo trimestre de 2010 para 19,9% em igual período deste ano. Nos primeiros três meses do ano, o coeficiente de exportação chegou a 17,5%, 2,4 pontos percentuais a menos.

Apesar de mostrar expansão da atividade, Giannetti afirma que o crescimento é modesto e não pode ser encarado como positivo, já que se trata de um ajuste sazonal, dado o fortalecimento das vendas externas no agronegócio, como as commodities agrícolas e minerais, e na exportação esporádica de uma plataforma de petróleo.

“Às vezes as estatísticas enganam. Algumas pessoas, por exemplo, veem que as exportações crescem e falam que os exportadores estão chorando de barriga cheia. Mas o que significa para a indústria crescer a exportação de commodities? Muito pouco. Em manufaturados, ao contrário, nós temos um déficit de quase 100 bilhões de dólares por ano”, acrescentou.

Setores

De 31 setores da indústria avaliados pela Fiesp, 28 apresentaram alta em seu coeficiente de importação. O setor de máquinas e equipamentos para extração mineral se destacou entre os que mais consumiram importados, com variação positiva de 11 pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2010.

Em seguida vieram tratores e máquinas e equipamentos para agricultura e máquinas e equipamentos para fins industriais, com aumento de 8,8 e 7,5 pontos percentuais, respectivamente.

Quanto ao coeficiente de exportação, o levantamento ainda apurou que os setores de Outros Equipamentos de Transporte e de Indústria Extrativa contribuíram com 45% para o aumento da participação das vendas externas na receita da indústria na leitura anual.

No segundo trimestre do ano, a indústria produziu 2% a menos para o mercado interno contra o mesmo período de 2010, enquanto o consumo aparente cresceu 0,7% na comparação anual.

Câmbio

Para Giannetti, o problema do real excessivamente valorizado está no mercado futuro do dólar. Embora tenha elogiado as medida do governo para conter a valorização do Real, entre elas a taxação de até 25% sobre as operações de derivativos feitas por investidores estrangeiros, ele acredita que são necessários outros ajustes.

“Essas medidas para o mercado futuro de câmbio são muito importantes porque pela primeira vez o governo está atingindo o alvo certo que é o mercado futuro, onde de fato está se formando a taxa de câmbio no Brasil”, afirmou.

Um estudo do Derex da Fiesp aponta que o mercado futuro de câmbio no Brasil é cinco vezes superior às transações no mercado à vista, um fenômeno que não acontece nos outros países do G-7.

Fonte: Exportnews (12/08/11)

Fonte : Site Sindiex